quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Francesa

Encontrou, então, àquele dia a tão esperada francesa. Ela sublime de traços finos, a pele tão alva que com a tangência dos raios solares [ouvia-se] o refratarem do lume, seus lábios - um tanto quanto convidativos - demasiado reluzente e brilhoso estavam fechados como um túmulo, onde o que queria era tão somente que os mortos colóquios, num bramido horrendo e ditoso, apresentassem-se.

Olhou-a por segundo - mas em sua mente um ano-luz seria pouco para mensurar o tempo que durara aquela obsecante apreciação - tentou então balbuciar-lhe algumas singelas palavras, contudo, amedrontado, pensou, pois, nunca, se ousa-se usar as palavras equivocadas, voltaria a vê-la.

- Bon jour.

Ainda era dia, o sol salpicavam-lhe as faces. Entretanto, nada sentia, somente aquela singular e fulgurante presença. A beleza que lhe afrontava a face era obstrutiva, como que uma barreira entre o céu e o mar, não havia então como pensar, como agir. Sentiu então novamente o medo atigir-lhe o peito. Viu-se correndo para longe daquela beldade. Porém, seus pés não correspondiam as seus desejos. Desejos? era então seu desejos não estar ali? Pensou. Deduziu após um irrisório tempo que ali era onde sempre quis estar.

Ouviu então, como que um anjo, de doce e sutil voz uma resposta:

- bon jour.

O coração acelerou. Não esperava a resposta. Não tinha noção de quanto tempo tinha se passado, um segundo, meia hora, não sabia, nem queria pensar nisso. Pensou então no que deveria falar. Era tão mais facil antes. Quando não se viam. Não entendia de onde conhecia aquela francesa. Nem lembrava mas era ela quem ele sempre esperara. Agora não tinha siquer tempo para pensar no que fazer. Lembrou, então, que havia lhe escrito milhares de cartas. Mas como não sabia o endereço as havia guardado. Quem seria ela? Uma francesa? Qual o nome da ninfa? Pensou no que gostaria de fazer mas não tinha o que pensar. Aproximou-se dela então, e ao sentir sua respiração.

- vous êtes dans mon rêve. J'ai pensé à toi davantage que les 5 années.


Ela continuou silente. Ele não sabia o que pensar. O que era aquela ninfa? não sabia. Mas o que ele sempre soube é que com ela é que ele gostaria de estar. O Sol embrumou-se, quando já afastado do ápice do céu. O horizonte escurecia e as estrelas brilhavam, como nunca as tinha visto, a lua, como que com um laço em sua volta e puxada para terra, havia se ampliado. A francesa tocou lhe a mão e o puxou. Ele sem hesitar seguiu-a. Sentiu o calor refrescante daquela mão. Sentiu o que conhecia a mão, aquele toque. Quis saber para onde estava indo. Mas onde esta indo para ele não era mais importante desde que fosse com aquele ninfa.

Pararam de fronte a um lugar desconhecido, não haviam viventes. Ninguém, nada, senão a peculiar relva. Plantas, exóticas de cores fantásticas. Uma das quais, e que lhe chamou mais atenção, foi uma rosa azul, quase púrpura, Um azul belíssimo e constante.

- nous devons être ici.

Concordou com a cabeça.
Atentou-se para uma coisa que não entendeu. Ele nunca havia freqüentado aulas de francês, muito menos havia estado na frança. Especulou-se a razão pela qual estava agora, tão bem, falando francês, será que ele era outra pessoa?

- nous savons ?

Admirou a expressão de indignação da francesa. Ela parecia não entender o porquê da pergunta. Então como que um raio a francesa beijou-lhe a boca. Espantado e eufórico retribuiu-lhe o beijo. Sentiu, então, o que anos esperava. O gosto selvagem daquele ósculo havia-lhe acendido uma brasa em seu peito. Dedicou todo seu desejo lascivo àquele momento. Ele sentiu-a adentrar-lhe o corpo. Sentiu-a como tomar sua pele e fundir a sua alma, esta sensação aproximou-o tanto do céu, que sentiu um mórbido medo e se afastou. Olhou-a.

- maintenant on se rappelle me ?

Revestiu sua mente de lembranças para achar aquela dama. Mas ela não lhe era familiar. Ele a sentiu como parte de si, mas não se lembrava dela.

O céu já estava totalmente escuro e as estrelas tilintavam no céu. Ouviu, de repente, um som, magnífico, uma orquestra.

Uma orquestra. Um som belíssimo, mas nada que lhe fosse familiar. Ele esteve em muitos concertos, ouvi-a sempre os magníficos compositores eruditos, tinha obras inteiras de classicistas, barrocos, românticos, etc. Mas aquela composição não havia escutado. Era um som magnificente, dava-lhe convulsões nos ouvidos de tão prazeroso.

- Je me suis toujours senti qui irait vous trouver Français. J'attends que ce moment est infini.

- Il dépend seulement de toi.

- Alors nous serons ensemble pour toujours. Je veux maintenant être emprisonné ici avec toi. E le ce tout ce que dans elles ce n'est pas plus grand manque nécessaire.

Aquelas palavras lhe encheram a mente. Estava decidido queria estar ali para sempre. Somente ele e a francesa. Ele então pensou, faltava apenas saber quem era a francesa e então tudo seria o que ele havia decidido.

Um lampejo clareou-lhe a mente. Ele levou a mão a cabeça. A francesa inaldivelmente disse algo. Não prestou atenção. Caiu e perdeu a consciência.

Quando abriu os olhos estava num lugar escuro. Nada podia enxergar. Viu então muito distante uma luz. Procurou no escuro onde estava seu amor, sua francesa. Sem encontrá-la decidiu, freneticamente, correr àquela luz. Correu, Correu, Correu, a luz não se aproximou. Não entendeu então se sentou. Sentiu lágrimas descerem-lhe a face. Sentiu medo, não sabia onde estava e o pior tinha perdido sua francesa. Desesperou-se aos gritos começou a chamá-la. Saiu um som de sua boca que não conhecia, seria o nome da francesa? Como ele sabia aquele nome? Como sabia que o devia chamá-lo? Sem resposta, continuou a gritá-lo. Perdeu novamente a consciência. Quando acordou estava no seu lugar de sempre. Mas não sabia porque. Viu-se deitado. Quase no horário habitual de se levantar para o serviço - trabalhava numa empresa de office-boy. O tempo na empresa era massivo. Trabalhava das oito da manhã as oito da noite. O serviço ocupava-lhe todo o tempo e toda paciência - Admirou, pela primeira vez seu quarto. Era muito maltratado.


Percebeu que a muito não pintava seu quarto. Estava todo desbotado. Muito dos tijolos já apareciam. Ouviu, repentinamente, um grito. Era ela. A francesa, mas onde ela estava. Tudo estava silente novamente. Viu-se acordando. Faltava apenas 15 minutos para as oitos horas - como de habitualidade ele sempre chegava atrasado, pois sempre tinha de fazer horas extras, as vezes ficava, até as duas da manha trabalhando - acordou, rapidamente vestiu-se, foi ao banheiro tratar de sua higiene, quando voltou viu que já se passava das oito. Apressou-se tomou uma maça na geladeira e saiu as pressas. Pegou sua mochila colocou nas costas e saiu. Sem atenção nenhuma preocupado apenas com o horário. Sentiu então novamente aquela voz lhe chamar. Era ela a francesa agora ele podia vê-la. Quando ele a viu saiu, sem prestar atenção em si mesmo, as pressas atrás dela. 

Sua pressas dessa vez não seria compensada. Ao, sem atenção atravessar a rua um caminhão lhe atropelou. Ele perdido pela francesa esqueceu-se de si mesmo.

Gritou, novamente, aquela palavra que não conhecia. Ela parou e novamente estavam no paraíso. Estava como antes. Sentiu que havia acabado de beijar a francesa. Beijou-a novamente. Sentiu então uma dor horrenda no peito. Pensou ser sua calorosa paixão. E deixou-se, então dominar por aquele sentimento.

Ao fechar os olhos sentiu-se molhado. Sentiu-se dormente. Viu-se e a água do mar lhe havia molhado as costas. Não virou, em nenhum momento para traz, o cenário atrás dele era extremamente horrível. O corpo dele estava estirado a pouco mais de 15 metros de um caminhão. Sua mochila estava presa em um de seus braços. Sua cabeça estava com um profundo corte. O sangue havia lhe lavado todo corpo. Os olhos estavam mirados ao céu, ainda claro, com nuvens. Haviam muitas arvores em sua volta que lhe impossibilitava de ver o sol. Sou consciência estava longe daquele lugar.

Ele se deleitava aos braços de sua francesa. Era ela, seu sonho, seu desejo, seu fim. A uma razão de estar, ainda vivo, era a busca por ela.


Beijou-a por horas, dias, meses, não sabia. O seu tempo estava se esgotando. Quis então decididamente saber quem era a francesa, para estar sempre com ela.

- Il m'indique qu'elle est toi ? Vous qui étaient toujours dans mes rêves, m'indiquent-ils, svp, qu'elle est toi ? Puisque vous il m'avez maintenant seulement trouvé ?

- Je dirai. Mais nous devons croiser de cette façon. Si vous pour la désirer toujours nous serez ensemble. L'E-I ont cela pour dire à lui qu'il n'a pas le retour. Il viendra alors avec moi, et serons-nous toujours ensemble ?

Sem demora decidiu seguir a francesa. Pegou-lhe a mão seguiram. Ao ultrapassar o umbral. Viu-se então deitado, não em sua cama, mas em seu sepulcro. Envolto em sangue. Encostou então uma das mão nas costas e sentiu algo. Viu então, espantou-se. Gritou, tão alto e tão forte. Mas nada mais havia a fazer. Tentou então encontrar-se com seu próprio corpo, mas não conseguiu. A francesa estava a seu lado, com sua linda face, e um sorriso singelo e magnífico no rosto.

A francesa pegou a mão dele. Ele a olhou espantado.

- Je veux revenir vers ma vie… Elle part pour revenir je, svp.

- déjà il a fait son choix.

Ele a olhou-a como que com desprezo. Mas não lhe podia negar o amor. E então pode, agora, lembrar quem era a bela francesa. O sonho era uma jovem dama, que ele havia, cinco anos atrás, colocado em sua parede do quarto uma linda dama. Um pôster de uma atriz que já havia falecido, assim como ele de um acidente.

Ele então sentiu que havia feito sua escolha e então escolheu o que sempre repudiara, a francesa, a sua morte. Viu-se então obrigado. A beijar a francesa. E deslocar-se a outro mundo. A um mundo desconhecido. A mundo do amor. Ao mundo da Francesa. Ao mundo da morte.