sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Pesadelo

Penumbra torpe arraigada no vil pensamento!
Sentimento de dor e Morte, no corpo, indolor.
Cujo espectro viajante de beijo frio e sem sabor,
Carrega a carne para o covil do amargamento...

Chamas negras chovem dos olhos desmanchados,
Onde se instalaram as cavernas dum mal perene,
E tanto de maldição se cultiva, no solo indene,
Que tanto nascem cruzes e terços, quanto machados...

Plantações são regadas, a fio, com sangue humano...
Pudores plantados em terreno gélido abrigam, em vão,
Coração dilacerado, Mente dispersa, sorriso profano...

Abrigam, numa pequena caixa, sem um fundo...
O pesadelo que torna o homem sua imperfeição...
Aquele pesadelo, as quais chamaram de mundo...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sou

Sou poesia, mas nela não me faço ser,
sou tolo, sou amante, sou amigo, sou...
sou aquilo que no sangue quente suou...
sou tudo e nada, sou desgosto e sou prazer!

Sou um arrebol fervoroso e a chuva fria,
Sou criação e sou também um criador,
Sou mestre e sou um vil desbravador,
Sou uma tal tristeza que se enche de alegria.

Sou a torre norte e as infinitas constelações,
Sou gêmeo de mim e amante da morte,
Sou o guerreiro escarlate das íntimas canções,

Sou fraco que de fraquezas mil se torna forte,
Sou alado, sou anil, sou as eternas divagações,
Sou tudo e tudo nada nos castelos da sorte.