sábado, 26 de maio de 2007

Bela

Se de profunda beleza encantável,
Que com feérico som soa tristeza,
De traços sublimes és quase estranheza,
De estranheza és singularidade inditável.

Imitaram-te ao fazer as estrelas,
Até vosso lume fizeram copiar,
Seus olhos tentaram expiar,
Para de ti conseguir esconde-las.

Mas nada podem contra vossa beleza,
Que equipara-se às deusas perdidas,
Já que aqui tudo seria apenas tristeza,

Pois sem vós teríamos vidas aturdidas,
Sem pensamento e também sem alteza,
Num reino vagante de almas feridas.

Esquecimento passageiro!

Quanto de mim tenho perdido,
Nos rios de pedra da babilônia,
Em viver sinto uma tal insônia,
Que em gelo me sinto aquecido.

E mais do mundo se esperar pode,
Visto de baixo é tudo tão mais real,
Cósmico e não menos demasiado leal,
Que bovino que odoriza a um bode.

Ansiando tirania as reles sociedades,
equaliza a variável do tempo-espaço,
neste teorema são apenas paridades,

De valor e rejeição bem escasso,
destes que acreditam achar realidades,
entre este mundo cruel de linhas e traços.

Perdido!

Quando pensando o que entendo
Vejo-me desentendendo o que sei,
O desentendido como o procurarei
Se não sabido busco o que não pretendo.

De tantas coisas que penso saber,
Nada demais me é interessante,
Perdido (sei, não sei) me vejo andante,
Lembrando do que não sei perceber.

Mas senão isso o que busco?
À margem está a única cura,
Infiltrada neste lusco-fusco,

de pesar e ilusão e talvez loucura,
pois não se tentar achar no ofusco,
Onde estará realmente o que se procura?